Os Dez Erros Mais comuns que aficionados em terrário costumam praticar em seu início
(Entrevista
concedida à revista Aquazoo. Texto inicial foi mantido)
Quando
me pediram para participar desta revista, sugeri uma seção de cartas que
pudesse trazer alguns esclarecimentos quanto á correta manutenção de répteis/
anfíbios em cativeiro, e as pessoas responsáveis pela revista me pediram para
simular algumas perguntas contendo as dúvidas mais freqüentes aos iniciantes em
terrariofilia.
A
minha sugestão é esta que exponho abaixo: inaugurar a seção de cartas com este
texto, elaborado a partir dos problemas mais freqüentes na rotina de meu
consultório, de forma a pular a etapa inicial com perguntas que já deixaram de
ser dúvidas para a maioria dos iniciados na área, poupando espaço útil para
informação mais recente.
De
forma alguma deixarei de responder as perguntas que me forem endereçadas,
quando chegarem ás minhas mãos, portanto, se houver dúvidas que eu possa
responder, enviem á redação da Aquazoo ou diretamente para o meu Email ########### , que procurarei responder
o mais breve possível, seja pela revista ou por Email, mas não esperem por
estas respostas em caso de necessidade de ajuda médica, pois por carta fica
impossível diagnosticar problemas médicos em tempo hábil, o que é ética e tecnicamente ilegal, e não é o objetivo aqui.
Para
quem ainda não entendeu o sentido desta seção, a idéia é, através das dúvidas
mais freqüentes, trazer á tona determinados problemas e dar uma explicação
breve e geral do assunto, para que estes erros possam ser evitados, ou
simplesmente, trocar informações e experiências a respeito da criação e
manutenção de répteis e anfíbios em cativeiro.
Erro número 1: “Depois de comprar
eu descubro o nome desse bicho”
O entusiasmo faz com que as pessoas excedam em seus
atos, principalmente quando a oferta é escassa, no caso dos répteis isso tem
sido uma constante, e então, antes que alguém faça uma oferta melhor ou mais
rápida, a gente acaba se antecipando, não apenas ao comprador da fila, mas aos
cuidados com o próprio animal e suas necessidades. Pessoas existem aos montes
que compraram lindos filhotes de Burmese Python (Python molurus) sem lembrar que aquele lindo animalzinho
irá, em menos de dois anos atingir a marca de 2,5 metros, facilmente e aí a
coisa vai complicar muito, pois a mãe, pai ou o irmão que divide o quarto não
tem a menor obrigação em se sentir ameaçado diariamente com um animal
potencialmente perigoso.
Outro clássico exemplo é o
de pessoas que compram Water dragons (Phisignatus coccincinus) pensando serem
iguais a iguanas no que tange ao manejo alimentar e de ambiente, e quando seu
animal está quase morto, lembra de aparecer em meu consultório à espera de um
milagre e não de um veterinário. Aí descobrem que, diferente dos iguanas, seu
Water dragon é um animal insetívoro (animal que se alimenta de insetos) com
base alimentar, e de acordo com o nome, é animal semi-aquático, o que explica
um monte de coisas estranhas que vinham acontecendo antes, com o porque destes
animais serem encontrados desmaiados dentro da vasilha de água, e ao serem
pegos, voltam repentinamente á vida (quem teve Water dragons deve saber do que
estou falando).
O mesmo acontece com jabutis
e cágados, cuja alimentação é completamente variada, apesar da semelhança na
aparência.
É muito importante fazer seu
dever de casa antes de adquirir um animal cujos hábitos você não conhece ou
“supõe” conhecer, pois pode ser muito tarde ao se descobrir que as condições
oferecidas são inadequadas para sua sobrevivência e for tarde demais para
recuperar completamente a saúde deste seu réptil/ anfíbio ou mamífero/ ave,
pois não são poucos os casos destes animais que aparecem para consultas
“desesperadas”. Já adquiri animais que sabia não poder mantê-los, com a
intenção imediata de passar para pessoas realmente habilitadas, pelos mais
variados motivos, mas nunca o fiz por vaidade ou por “achar que vai dar”. Junto
com o erro número 1 vai a regra número um de quem milita no ramo: Faça seu
dever de casa.
Erro Número 2: “Depois eu aumento o
espaço do terrário”
Ao
adquirir um animal, você deve saber quais serão os requisitos necessários em
termo de tamanho das instalações onde planeja que ele se aloje. Nem sempre
sobra dinheiro para que no futuro, uma melhor adaptação seja feita. J
unte-se a isso o fator comodismo e o fato de que seu
animal nunca reclama verbalmente (e você só se sensibiliza com manifestações
verbais) e o tempo vai passando, passando, você descobre que o dinheiro para o
novo local não veio, seu animal continua calado, sem reclamar, e ao sair na rua
descobre que seus amigos já se lembram de você como o cara que cria “Bonsais de
répteis” ou coisa parecida no seu quarto.
Tudo bem se você acha que isso será a nova técnica
de criação na área, mas nem seus colegas, nem seu bicho e nem eu concordamos
com sua teoria. São inúmeros os casos de animais com problemas causados pelo
mau acondicionamento, variando de acordo com as espécies e táxons.
Um exemplo
muito ignorado é o da constipação em boídeos, devido ás dimensões diminutas do
terrário, que impedem o exercício regular e a melhor formação do bolo fecal,
causando problemas como o endurecimento das fezes no intestino e a
possibilidade perigosa de ter que se resolver o problema com cirurgia
celomática.
Animais com trauma rostral são coisa muito comum
para quem tem iguanas, e basiliscos em terrário inapropriado, seja por dimensão
ou por mau arranjo de estruturas e isso pode desenvolver até para infecções
generalizadas e morte.
Costumo
observar que a montagem de um bom terrário, muitas vezes é mais dispendiosa que
o próprio animal, mas a vantagem é que, se esta for planejada para durar, sem
necessidade de reformas ou novas estruturas, este terrário suportará bem seu
hóspede e não mais precisará ser investido dinheiro para que seu animal viva bem.
Geralmente construções saem bem mais baratas que reformas amplas. Segunda
regra: Pense na frente, pense no futuro. Invista uma única vez, mas invista
direito.
Erro Número Três: “O bicho está
bem. Quem precisa de veterinário? ”.
Vários
fatores externos e internos podem fazer com que seu animal se apresente bem ou
mal, no momento de sua aquisição. O stress da captura, do transporte, do
acondicionamento em grupos e da superpopulação, da competição por espaço,
abrigo, comida, etc. tudo isso vai influir no comportamento e na saúde de seu
animal antes da sua aquisição.
Um ponto importante que as pessoas não costumam
observar é que animais selvagens possuem dentro deles a necessidade de
transparecer em perfeito estado de saúde, quando confrontados com outros de sua
espécie ou na presença de supostos predadores, pela simples razão de evitar
confrontos, seja de origem hierárquica, competitiva ou predatória, pois
predadores gastam menos energia para capturar animais doentes ou velhos/
fracos.
Logo,
aparentar fraqueza é convidar um possível predador ou rival para se aproximar.
Mais uma dica: uma doença leva algum tempo para se instalar no organismo de um
animal. Esta mesma doença pode estar clinicamente visível ou em vias de
aparecer, e dependendo do estado geral de seu animal e de suas reservas de
energia, seu quadro ao aparecer vai ser gradual, permitindo uma intervenção
terapêutica de sucesso provável ou um quadro fulminante, trazendo dor para
todos, devido á dificuldade de salvar, geralmente culminando em perda, por
inviabilidade em termos de custos financeiros ou de material, esforço e
técnica, necessidade de internação e de tratamento intensivo.
Leve seu animal ao veterinário ao adquiri-lo e
periodicamente. Ele pode necessitar e nem sempre você vai saber disso. Neste
caso, ainda não considero uma regra, pois há algo importante para dizer e assim
complementar o que tenho a dizer sobre o erro número 3. Basta ver o erro número
4, logo abaixo.
Erro Número
quatro: “Serve qualquer veterinário? Um veterinário de cães já resolve o problema?
”.
Não.

A não ser que este profissional seja especializado na área de atuação requerida, no caso, animais selvagens, pelo menos. Devido á gama de espécies, e com esta gama uma mais complexa gama de necessidades, comportamentos e peculiaridades, torna-se complicado para um profissional sem experiência na área de animais selvagens proceder a um exame clínico consistente e completo em seu animal. As técnicas clínicas submetidas a estes animais diferem muito das procedidas em cães e gatos. Os exames clínicos variam um pouco e os tratamentos terapêuticos são completamente diferentes, portanto não se arrisque e procure um profissional que vá resolver seu problema, e não te causar outros. Infelizmente tenho atendido casos de problemas causados por profissionais inabilitados para a clínica de animais selvagens, principalmente répteis, como erros de diagnóstico, inclusive de estruturas anatômicas fundamentais, de definição sexual, de terapêutica inadequada e até de uso de drogas que podem matar o animal em questão, pois certos remédios podem ser fatais para determinadas espécies de répteis ou aves, e até de mamíferos selvagens. Caso você necessite de um clínico de répteis ou de mamíferos/ aves exóticas, procure informações com um veterinário esclarecido, que possa fazer uma indicação segura. Procure avaliar o profissional indicado, examine se há clientes de animais selvagens freqüentemente no consultório, se ele demonstra conhecimento ao pegar seu animal (veja se ele sabe identificá-lo), procure literatura especializada no consultório, procure fotos, pergunte se ele já tratou algo semelhante, se ele tem familiaridade com procedimentos clínicos ou exames de laboratório. Estas coisas já dão algo para uma rápida formação de opinião á respeito.

A não ser que este profissional seja especializado na área de atuação requerida, no caso, animais selvagens, pelo menos. Devido á gama de espécies, e com esta gama uma mais complexa gama de necessidades, comportamentos e peculiaridades, torna-se complicado para um profissional sem experiência na área de animais selvagens proceder a um exame clínico consistente e completo em seu animal. As técnicas clínicas submetidas a estes animais diferem muito das procedidas em cães e gatos. Os exames clínicos variam um pouco e os tratamentos terapêuticos são completamente diferentes, portanto não se arrisque e procure um profissional que vá resolver seu problema, e não te causar outros. Infelizmente tenho atendido casos de problemas causados por profissionais inabilitados para a clínica de animais selvagens, principalmente répteis, como erros de diagnóstico, inclusive de estruturas anatômicas fundamentais, de definição sexual, de terapêutica inadequada e até de uso de drogas que podem matar o animal em questão, pois certos remédios podem ser fatais para determinadas espécies de répteis ou aves, e até de mamíferos selvagens. Caso você necessite de um clínico de répteis ou de mamíferos/ aves exóticas, procure informações com um veterinário esclarecido, que possa fazer uma indicação segura. Procure avaliar o profissional indicado, examine se há clientes de animais selvagens freqüentemente no consultório, se ele demonstra conhecimento ao pegar seu animal (veja se ele sabe identificá-lo), procure literatura especializada no consultório, procure fotos, pergunte se ele já tratou algo semelhante, se ele tem familiaridade com procedimentos clínicos ou exames de laboratório. Estas coisas já dão algo para uma rápida formação de opinião á respeito.
Ao atender estes animais em
meu consultório na primeira vez, eu recomendo sempre determinados exames e de
acordo com o caso clínico, a estes exames deverão ser associados outros mais
complexos. Pergunte sempre ao profissional da necessidade de se avaliar laboratorialmente
seu animal.
A familiaridade com
procedimentos clínicos ou de diagnóstico pode ser um fator positivo na
identificação de quem realmente sabe do que fala. Regra número três (agora
completa): Leve seu animal selvagem recém adquirido ao veterinário especializado
em animais selvagens. E leve seu animal periodicamente ao veterinário para
check ups.
Erro Número
Cinco: “O Complexo Luz Del fuego”
Existem coisas que todos sabem, uma delas
é que répteis causam as mais variadas sensações nas pessoas. A maioria destas
sensações é relacionada com medo. Não importa o quanto eles possam ser
inofensivos, não é disso que estou discutindo.
Amo este táxon e entendo o
orgulho que a gente sente de criar um animal exótico desde neném e torná-lo um
animal sadio, manso e sociável, mas isto não me dá o direito de empurrar na
garganta de alguém na rua o meu lindo animal.
Os motivos são os mais
variados, e isto inclui o pânico que certas pessoas possuem por répteis, a má
propaganda causada pelos sujeitos que insistem em dizer que não há problemas em
desfilar por aí em shoppings ou escolas, ruas, ou seja, lá onde for com sua
linda serpente de 2 metros ou seu lagarto de língua azul.
Sabemos que no meio do hobby
existem as mais diferentes pessoas, desde o mais rígido nerd, cheio de espinhas
e que não vê a luz do sol há 15 anos, passando pelo playboy consciente, o
ecochato castrador, que diz que “ter serpentes pode, mas só se não for
venenosa”, ao tipo “macho man” que adora se exibir e fica muito mais empolgado
quando exibe as cicatrizes que o Tyson, seu niloticus de estimação causou ao
ser pego para tomar banho ás garotas que passam, sem perceber o nojo causado.
Répteis não são comuns,
atualmente seu comércio está proibido ( a importação), seu animal está sujeito
á ser averiguado quanto á documentação no meio da rua, o que causará a
impressão de que você está fazendo algo ilegal para quem passa, além da
impressão de que você quer a todo custo chamar a atenção para si, a clássica
SIDA ( Síndrome do Incrível/ Insustentável desejo de chamar a Atenção), muito comum em pessoas mal
resolvidas quanto á necessidades de carência, que em nosso meio eu costumo
chamar de “complexo Luz del Fuego”, aquela bailarina de gostos duvidosos que
costumava só aparecer com uma Jibóia no pescoço. De qualquer forma, a maior e a
mais séria razão para não sair com seus répteis na rua é a de que eles terão,
fatalmente que sofrer stress de mudança de ambiente e oscilação térmica,
corrijam-me se eu estiver errado.
Uma das coisas mais
maravilhosas que eu tenho aprendido com animais selvagens é que quando você
toma para si a responsabilidade e o privilégio de cuidar de um, você se torna
deus para ele, devendo suprir satisfatoriamente todas as suas necessidades
alimentares, de conforto térmico, de abrigo, de saúde, reprodutivas e etc.,
portanto, o principal passa a ser o que eles precisam e não o que você quer.
Se você acredita de outra
forma, esta deverá ser a última vez que você lerá a minha coluna e, no que
depender de mim, estou lhe convidando para se retirar deste texto e dos meus
próximos, pois você está na festa errada, desculpe a franqueza.
Descargas de Raios matam
cerca de 1.000 pessoas por ano nos EUA, picadas de abelha matam cerca de 400
pessoas por ano, mordidas de cães domésticos fazem muitos milhares de
acidentes, alguns com morte, Picadas de serpentes venenosas matam cerca de 10
pessoas por ano, apenas.
Os acidentes de carro têm
sido os maiores responsáveis por morte na maioria dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, MAS O FATO É QUE AS PESSOAS NÃO TÊM MEDO DE CARROS E SIM DE
COBRAS! Já deu para entender? Espero que sim, pois a próxima regra, número 4 é
que répteis causam medo em determinado tipo de pessoas. Evite sair com eles
na rua.
Erro Número
Seis: Meu iguana adora mamão, não adianta dar outra coisa que ela não quer,
logo meu iguana só come mamão”.
Este
pensamento é um dos que me têm causado mais problemas na clínica de animais
exóticos, pois é de uma lógica relativa para quem aceita o fato de que os
animais vão procurar o que é de melhor para se alimentar.
Isto não ocorre somente com iguanas, mas é comum com
tartarugas, jabutis, papagaios, araras, leopard geckos, e mais um monte de cães
e gatos cujos donos são fracos demais para decidir quem toma conta de quem.
O fato é que em natureza as coisas são diferentes
quanto á busca pela sobrevivência. Vamos exemplificar: um iguana na natureza
acorda meio entorpecida pelo frio da madrugada, rasteja até uma posição
privilegiada onde possa aquecer, leva alguns minutos para estar suficientemente
ativa e aí vem a fome.
O animal
passa a procurar alimentação. Em sua lista de prioridades estão as frutas
suculentas e doces, folhas suculentas e doces caindo para frutas suculentas,
folhas suculentas, frutas e folhas amargas e amargas e secas ficam por último.
Aí elas se deparam com uma sombra do alto e fogem rápido de um possível falcão
faminto e o repasto fica para depois.
Depois, devido ao tempo perdido e ao aumento do
apetite e da concorrência, só tem pra comer folhas amareladas e secas, o que
acontece? Ela come o que tem. E isso é a realidade de quem vive na “linda e
bela natureza”, ou você achava que aparecia um garçom de hora em hora servindo
salgadinhos para todos? A Natureza, á despeito do que os ecochatos queiram
dizer, não é uma festa.
A realidade de um animal em cativeiro é outra. Tem
comida todo dia, comida variada e suplementação vitamínica e mineral, e aí dá
para escolher o que for mais apetitoso. Caso o que interessar não venha, a
gente faz beicinho por 2 dias e logo somos atendidos.
O final disso é uma dieta
pobre em nutrientes e as carências nutricionais vão se instalando
insidiosamente até tornarem-se visíveis até para o dono cuidadoso, que, se
tiver a chance e a disposição, leva ao veterinário, que tem que resolver o
pepino. Tornando as coisas mais fáceis de entender, aí vai a Quinta regra: Animais
comem o que gostam, sempre que podem. Animais devem comer o que precisam e não
o que gostam de comer. Se não fosse assim a bóia dos hospitais seria
melhor, não acham?
Erro Número sete: “Répteis não reclamam, logo não sentem dor”.
Tenho me deparado com
situações diversas no meu consultório, algumas cômicas e outras trágicas. Ë
engraçado ver pessoas colocando roupinhas em jabutis, letreiros na porta do
terrário de seu teiú ou algo que o valha, contanto que não atrapalhe a vida
deles.
Certas horas me deparo com
situações absurdas, como a do cliente que, ao tirar o carro da garagem, passou
por cima do jabuti e sentiu que ele quebrou todo, mas, como achou que ele
estava morto, deixou para lá. E deixou para lá mesmo, só indo ver após 7 dias o
porque o animal não estava fedendo, e deparando com o jabuti vivo!
O trágico disso é que, mesmo
ao chegar no consultório, este proprietário não aventou a possibilidade do
animal estar sofrendo em momento algum. Ao examiná-lo, dava para observar que o
animal se contorcia de dor, do mesmo jeito que quando se aplica uma injeção, ou
se debrida uma ferida os animais, inclusive os répteis, sentem dor.
O caso necessitou de
cirurgia de emergência e o animal ficou bem, para quem ficou curioso com a
história. Eles vem de vez em quando só para visitas regulares. Não acredite em
técnicas veterinárias do tipo ”só vai levar um segundo”, pergunte se não há a
possibilidade de se utilizar meios e técnicas para o controle da dor, pois quem
gosta de sentir dor é cowboy e não os meus pacientes, posso garantir. Vale uma
regra número 7: Animais sentem dor, frio e fome, apenas não expressam isso
verbalmente. Seja sensível para entender suas necessidades.
Erro Número 8:
“O Brasil é um País Tropical”
Deixe-me
completar, “abençoado por Deus e Blá blá blá”..., Logo, eu não preciso me
preocupar com a qualidade térmica que ofereço aos meus répteis/ anfíbios, pois
este país é tropical.
Devido a pensamentos como este, os problemas de erro
de manejo acontecem, pois o nosso país é privilegiado em termos de temperatura,
mas em determinados locais, e isto pode variar de acordo com o local, com a
época do ano e, principalmente, de acordo com a espécie de animal que temos
escolhido.
Sei de locais em que, para determinadas espécies o
monitoramento térmico é completamente dispensável, principalmente se as
condições de espaço no terrário são plenamente satisfatórias, mas isto não quer
dizer que a responsabilidade deva diminuir por parte do proprietário e caso as
coisas saiam do controle, não adianta culpar ninguém. As pessoas que obtiveram
mais sucesso na criação de répteis em cativeiro são as que procuraram manter o
ambiente de seus animais o mais controlado possível, em se tratando de temperatura,
umidade e limpeza.
Criar estes animais requer tempo, conhecimento e
dedicação, não dá para fugir disso. Um fato que põe fim nesta discussão é que
se você quiser que as coisas saiam do controle no terrário, basta confiar que
este país é tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza
(que beleza...), o azar é todo seu ( e do seu animal
também).
Erro Número
nove : “ Meu animal não come porque está para hibernar ”
Há várias e inúmeras causas para que
um réptil/ anfíbio venha a entrar em estado de hibernação. Animais de climas
frios necessitam entrar em processo hibernativo para poder sobreviver em
natureza a fases e climas inóspitos e desfavoráveis á sobrevivência da espécie,
alguns necessitam hibernar para completar o ciclo reprodutivo, favorecendo a
maturação dos gametas (células sexuais), e na maioria das vezes os dois fatores
aqui expostos atuam juntamente, trazendo no final da hibernação a época de
reprodução.
O ponto é que, nem sempre a falta de
apetite pode ser um indicativo de que animais estão em processo de hibernação,
ou mesmo em processo de semi-hibernação (vamos chamar de processo de
estivação), além do fato que, nem todos os répteis necessitam entrar nestes
processos, bastando, muitas vezes uma brusca queda de temperatura e umidade, ou
até uma queda gradual, dependendo do local de origem da espécie, para que eles
entrem em franco desenvolvimento reprodutivo, portanto nem sempre a falta de
apetite pode ser causada por processos metabólicos normais.
Muitas
vezes o que ocorre são doenças que podem expor seu animal a riscos de vida,
caso não diagnosticada a tempo, ou determinados alimentos oferecidos não se
encontram em boas condições de consumo, estragados ou com produtos químicos de
sabor o cheiro desagradável, ou até devido á insistência do mesmo alimento, os
animais enjoam deste ou daquele prato oferecido, coisa comum com determinados
tipos de camaleões, por exemplo
.
Na dúvida, o ideal é fazer um check
up com o veterinário especializado, talvez sendo indicado um exame de sangue ou
outro exame qualquer, dependendo da avaliação clínica e da história relatada
sobre as condições de manutenção de seu animal ou do quadro evolutivo da
doença. Não espere o “final da hibernação” para descobrir que seu animal já
atravessou a linha vermelha e nada mais pode ser feito. Na dúvida, procure
conselho de profissionais especializados nesta área. Quanto aos animais que
sabidamente hibernam, estes o fazem em determinadas épocas do ano e devem ser
colocados em hibernação quando em totais condições de fazê-lo, ou poderão nunca
retornar deste processo. Vale mais uma vez o conselho de procurar ajuda
especializada.
Erro
Número dez: “Meus animais vivem juntos em perfeita união”
Raras as espécies de répteis que
vivem agrupadas, quando isso ocorre, geralmente é em determinada época do ano,
por motivos de procriação ou por necessidade de nichos de hibernação e
estivação. Na maioria das vezes, os répteis são animais solitários, e ás vezes
até anti-sociais.
Esta
fase anti-social/territorialista se desenvolve próximo á época de maturação
sexual, ou na época de procriação, por motivo de disputa de fêmeas, território
e local para oviposição. Dentro de um terrário, isto pode ser notado quando há
decréscimo de peso ou de movimentação de determinado animal, a não ocupação de determinados
pontos, principalmente de basking ou de água e daí vão aparecendo os problemas
de crescimento de animais de mesma idade, doenças e etc. em alguns casos existe
uma boa tolerância entre as espécies, mas o proprietário deve ficar de olho em
todo o comportamento e atitude dentro de um ambienta controlado.
O
princípio geral é de se alojar animais individualmente, havendo algumas
exceções, bastando para isto, ler e conhecer mais sobre seu animal.
Provavelmente as dúvidas vão surgir
e deverão ser sanadas com literatura e experiência própria e adquirida por
amigos e profissionais.
Encontro-me
á disposição para responder quando souber e desde já quero dizer que o Doutor
Ademar Couto não sabe tudo e não vai ser o responsável pelo seu animal.
Herpetologia é um ramo muito novo, a clínica de répteis está em constante
desenvolvimento e o que eu tenho hoje como o correto pode mudar em 6 meses ou
menos.
A responsabilidade de procurar e saber e fazer
e descobrir algo sobre seu animal, garantindo seu bem-estar é sua, sendo o
médico apenas mais um veículo para possibilitar que isso aconteça.
Hoje
nós temos a chance de fazer a coisa da forma correta, evitando os erros
cometidos pelos precursores deste hobby que tem um cunho científico inegável,
aprendendo com os erros por eles cometidos e evoluindo cada vez mais e da forma
a mais ética possível. Sendo assim eu me coloco á disposição em qualquer coisa
que eu possa vir a ser útil.
Ademar L. G. do Couto
Médico Veterinário
https://ademarcouto.wixsite.com/ademarcoutovet
Médico Veterinário
https://ademarcouto.wixsite.com/ademarcoutovet
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